quarta-feira, 27 de maio de 2009

IGREJA BATISTA DE NAZARÉ DA MATA (1896)

Pastor Manoel Corinto Ferreira da Paz


IGREJA BATISTA DE NAZARÉ DA MATA (1896).



1. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA. A proclamação do Evangelho de Cristo pelos batistas na cidade de Nazaré teve inicio em 15 de março de 1895, sendo batizados os primeiros convertidos em 15 de julho de 1896, ocasião em que foi organizada a congregação batista em Nazareth, vinculada á Igreja Batista do Recife. A congregação cresceu e, em dia 12 de janeiro 1896, foi organizada como Igreja de Christo, denominada Baptista, organizada na Cidade de Nazareth , com dezesseis membros: Manoel Cypriano de Lima, João Borges da Rocha, Manoel Paulino, Manoel Geraldo da Silva, Manoel Francisco da Silva, Benedicto Pereira Moreno, Amaro José do Nascimento, Arthur Neves, Antonio João, Jose Martins (da Silva), Francisco Campello, Maria da Rocha, Eliza Maria Evangelista, Francisca Baptista, Maria (Rosa) Osória Queiros, e Maria Alves Baptista. O Concilio de organização da Igreja foi presidido pelo pastor William Edwin Entzminger, e secretariado pelo pastor Wandrejaselo Mello Lins. Na mesma ocasião foi eleito como pastor o missionário William Entzminger e, João Borges da Rocha, escolhido para o ministério diaconal, foi consagrado no mesmo culto, como registra a Ata de Constituição da Igreja.


William Edwin Entzminger, o fundador

Acta da Constituição da Egreja de Christo denominada Baptista, organizada na Cidade de Nazareth."Aos doze dias do mez de Janeiro do anno de mil novecentos e noventa e seis, as sete horas da manhã. Convocada uma sessão pelo irmão W. E. Entzminger com o fim de eleger o Moderador e o Secretario para effectuar a organização supra da dita Egreja, sendo eleitos W. E. Entzminger Moderador da Sessão e W. Mello Lins Secretário. Pelo Moderador foi lido o seguinte Pacto: “Tendo sido, como confiamos, trazidos pela graça divina, com o nosso Senhor Jesus Christo ..... inteiramente a Elle pactuamos agora solene e alegremente uns com os outros, a andar juntos a Elle em amor fraternal, para sua gloria, como Senhor de todos nos. Concordamos por isto em sua força (?); Que nós exercitaremos cuidado e vigilância christã um sobre o outro, e fielmente acautelando e exhortando a de .... estamos.mutuamente ... como a occasião requeira; que não deixaremos de reunirmos juntamente, mas sustentareos o culto publico de Deus e os (................) omittiremos a oração e religião em nossas famílias, nem negligenciaremos o grande dever de ensinar e disciplinar religiosamente os nossos filhos e aquelles que estão debaixo nos nossos cuidados para o serviço de Christo e o gozo do Céo; que como somos a luz do mundo e o sal da terra buscaremos socorro divino para habilitar-nos a negar a impiedade e toda incontinência mundana, e para andar no mundo e que possamos ganhar almas sabiamente dos homens; que alegremente contribuiremos de nossos bens conforme a prosperidade que Deus nos há dado para a manutenção de um Ministro, fiel e evangélico entre nós, para sustento dos pobres e para a propagação do Evangelho sobre a terra; que procuremos em todas as condições e circunstancias até a morte, viver para a gloria d´Aquelle que nos tem chamado das trevas á sua luz. “Ora a Deus, de paz, que pelo sangue do Testamento eterno tornou a trazer dos mortos nosso Senhor Jesus Christo, grande Pastor das ovelhas, vos a perfeição em toda a boa obra para fazerdes a sua vontade branda em nós o que perante Elle é agradável por Christo Jesus ao qual seja gloria para todo o sempre. Amem. A qual sendo approvada foi assignada pelos membros constituintes da dita Egreja, Manoel Cypriano de Lima, João Borges da Rocha, Manoel Paulino, Manoel Geraldo da Silva, Manoel Francisco da Silva, Benedicto Pereira Moreno, Amaro José do Nascimento, Arthur Neves, Antonio João, Jose Martins (da Silva), Francisco Campello, Maria da Rocha, Eliza Maria Evangelista, Francisca Baptista, Maria (Rosa) Osória Queiros, e Maria Alves Baptista. Em seguida, depois de ter o Moderador lido o Cap. 3º da 1ª a Timotheo foram eleitos por votação unânime W. E. Entzminger, Pastor e João Borges da Rocha, Diácono, sendo este consagrado pela imposição das mãos dos Pastores W. E. Entzminger e W. Mello Lins, o qual dirigiu a oração consagratória do referido Diácono. Ficando assim constituída a Egreja, foi enserrada a sessão. (aa) W. E. Entzminger; W. Melo Lins; Manoel Cypriano de Lima, João Borges da Rocha, Amaro José do Nascimento, Jose Martins da Silva, Maria Alves Baptista, Maria da Rocha, Antonio João da Silva, Eliza Maria Evangelista, Manoel Geraldo da Silva, Francisco Albuquerque Campello, Benedicto Pereira Moreno, Arthur Neves, Maria Rosa Osória Queiros, Manoel Francisco da Silva.

2. OS ANTECEDENTES. A proclamação do Evangelho de Cristo em Nazaré teve inicio com a presença do missionário presbiteriano John Rockwell Smith (1846-1918), natural do Kentucky (USA), que chegou a Pernambuco (15 de janeiro de 1873), depois de organizar a Igreja Presbiteriana de São Paulo. Serviu a Deus em Pernambuco por vinte anos, organizando a Igreja Presbiteriana do Recife, em 11 de agosto de 1878, e, depois de trabalhar por doze anos em Pernambuco, em 1895 retornou para o Estado de São Paulo para trabalhar no Instituto Teológico criado. A saída de John Rockwell Smith deixou os crentes presbiterianos de Nazaré sem assistência e apoio necessários, coincidindo a saída com ferrenha perseguição movida pelos católicos, que lhes destruíram a casa que servia de templo, causando a dispersão de muitos e o arrefecimento do ânimo dos remanescentes. Estes remanescentes da congregação, através de dois auxiliares de Rockwell Smith - Jeronymo Machado e Alexandre Gama -, mantiveram contato com o missionário batista William Edwin Entzminger e lhe pediram apoio e assistência. Entzminger enviou a Nazaré o pastor Wandrejaselo Mello Lins e o diácono João Batista , em 15 de março de 1895 para a primeira visita ao grupo e ao local. Retornaram duas semanas depois, em companhia do pastor Entzminger, o qual fez conferências durante quatro dias e a partir dia os batistas passaram a visitar regularmente o grupo de crentes a cada quinze dias. O fato curioso é que estes dois, emissários do desejo do grupo, que escreveram pedindo a presença dos batistas, não se incluiram no grupo que formou a igreja.

3. OS PRIMEIROS BATISMOS. No dia 21 de julho de 1895, às 15 horas, na margem do Rio Tracunhaem, que banha a cidade de Nazaré, foram batizados os primeiros cristãos batistas da cidade: Manoel Cypriano da Silva, João Borges da Rocha, Maria Pereira da Rocha, Francisca Maria Baptista, Eliza Maria Evangelista e Manuel Paulino . Um dos primeiros frutos desse trabalho foi João Borges da Rocha, logo encaminhado para o Seminário e que pastoreou varias igrejas no campo, a própria Igreja Batista de Nazaré da Mata, a 1a. Igreja Batista do Recife e a de Vitória de Santo Antão.

A cerimônia dos batismos foi assistida por uma multidão de pessoas da cidade, que nunca haviam presenciado tal acontecimento, estimulados pela curiosidade gerada pela perseguição movida pela liderança católica. A realização dos batismos despertou a ira do padre Anísio de Torres Bandeira, pároco de Nazaré da Mata, e este insuflou seus paroquianos a perseguirem os crentes alegando o acontecimento era um escândalo inominável e inaceitável. Segundo testemunho oral deixado pela irmã Tarsila de Albuquerque Maranhão, na ocasião o padre Anísio Torres amaldiçoou o rio e iniciou uma série de perseguições contra os crentes.

O trabalho de divulgação do evangelho em Nazaré, que havia florescido em meio a dificuldades, assim permaneceu durante anos, debaixo de tenaz perseguição dos padres católicos locais. A primeira delas foi a destruição parcial da casa de cultos e dos seus móveis em 20 de agosto de 1895, quando elementos, mandados ou instigados pelo padre Anísio Torres Bandeira, arrombaram uma janela do templo, juntaram os bancos, o órgão, mesas, bíblias, derramaram querosene (inflamável) e atearam fogo no ambiente, fugindo em seguida. A sorte dos batistas é que morava junto à casa um membro da congregação e vendo a fumaça e sentindo o cheiro de queimado, conseguiu debelar as chamas e evitar um prejuízo maior, que seria a queima do aposento e da própria casa. O pastor William Edwin Entzminger, acompanhado do Cônsul Americano no Recife, se dirigiu ao Palácio do Governo, onde relataram os fatos e pediram as providencias necessárias para serenar os ânimos, que estavam bastante exaltados em Nazaré, com sérias ameaças à vida dos batistas. Era voz comum entre a população, nem toda ela envolvida na contenda, de que os católicos tinham mais receio dos batistas do que de outra denominação.

O Governador Alexandre Jose Barbosa Lima colocou à disposição de William Edwin Entzminger, sob o comando de oficial com graduação de tenente, um destacamento de soldados da Brigada Policial Militar de Pernambuco . O grupo, composto pelo missionário Entzminger, do pastor Mello Lins e pelo destacamento da força policial, embarcou na Estação do Brum da Estrada de Ferro Recife-Limoeiro-Timbauba , com destino a Nazaré e chegando à cidade encontrou cerca de quinhentos homens aguardando a chegada dos “hereges protestantes”, armados de “cacete” (pedaço de madeira) e facão. Na estação de Nazaré, o comandante desceu do trem, antes dos passageiros, com os soldados, todos com suas armas embaladas , o que fez com que a multidão recuasse. O tenente se dirigiu ao Prefeito do Município, Dr. Herculano Bandeira de Melo , dizendo que seria dele a responsabilidade sobre tudo o que acontecesse a partir dali, alertando também ao vigário, Padre Anísio de Torres Bandeira, que estava na retaguarda da “horda católica” e a comandava contra os batistas.

O Padre Anísio de Torres Bandeira, pároco de Nazaré, fora o primeiro prefeito eleito do Município e era um daqueles de quem dizia Teixeira de Albuquerque, “abandonam suas vigárias pela política”, dedicando-se aos negócios seculares, deixando de cuidar dos seus misteres espirituais. Era o quarto Vigário de Nazaré, servindo naquela paróquia católica no período de 23 de novembro de 1873 a 14 de fevereiro de 1898, e fora transferido da paróquia anterior em razão de denuncia ao Bispo da Diocese, no tocante a violação do sacramento (norma da sua igreja) do celibato, tendo uma concubina e filhos .

Retornando ao relato, diz o narrador, a multidão que compunha a “comissão de recepção católica”, juntamente com o Prefeito Herculano Bandeira, e os soldados do destacamento acompanharam o missionário William Edwin Entzminger até o local onde estavam hospedados, tornando uma “guarda de honra”. Na noite daquele dia os pastores realizaram uma grande conferência evangelistica, com grande numero de assistentes. No dia seguinte João Borges, Mello Lins e outros, acompanhados do Tenente e de cinco praças foram a cidade de Paudalho em socorro de Bernardo Martins da Silva, o qual se achava na iminência de ser assassinado por fanáticos, em razão de ter se tornado batista. Enquanto isso William Edwin Entzminger ficou em Nazaré, dirigindo uma série de pregações durante toda a semana.

O que se constata, a priori, é que o Padre Anísio de Torres Bandeira, tendo sido pároco de Nazaré, no período de 23 de novembro de 1873 a 14 de fevereiro de 1898, foi o presumível líder dos católicos de todas as perseguições movidas na cidade contra os cristãos evangélicos, desde as primeiras movidas contra os presbiterianos discípulos do pastor John Rockwell Smith, em 1873 a 1892 até os últimos ocorridos contra os batistas no final do Século XIX, naquela cidade.

Crescendo de modo admirável, a congregação foi organizada igreja em 12 de Janeiro de 1896, como relatado antes. Organizada a Igreja e eleitos seus oficiais, a necessidade de uma sede própria se impunha, de vez que até então estava alojada em casa alugada.


4. O TEMPLO. A Igreja se organizou e edificou o seu templo pelas mãos dos próprios membros. Nazaré da Mata foi a primeira igreja no Estado a sustentar seu pastor. Crescendo Igreja, a necessidade de um templo próprio para suas reuniões era necessário e urgente, de vez que até então estava se reunindo em casa alugada. A Igreja se organizou e edificou o primeiro templo, construído pelas mãos dos seus próprios membros, muitos dos quais eram pedreiros, carpinteiros e outros profissionais da construção. A Igreja Batista de Nazaré da Mata foi, também, a primeira igreja no Estado a sustentar seu pastor .

Templo da IB Nazaré da Mata (1935)

A Igreja de Nazaré, na década de quarenta, reformou o seu templo, que serviu à comunidade durante cinqüenta anos. Durante o ministério do pastor Antonio Gomes da Paz, a Igreja iniciou o processo de reforma do novo templo, que tem prosseguido durante os anos do pastorado de Mário Maximo da Silva.

A Igreja Batista de Nazaré da Mata, desde o inicio, tem sido uma atuante Agencia do Reino Deus, proclamadora da mensagem do Evangelho de Cristo na região, sede de reunião das Igrejas Batistas da Associação da Mata Norte.

O seu templo ao longo destes mais de cem anos, tem sediado as Assembléias das Igrejas Batistas em Pernambuco, em 1901, 1903, 1905, 1907 e 1909 (quando tinha o nome de União Batista Leão do Norte); 1918 (Convenção Batista Regional1918); e 1942 (Convenção Batista Evangelizadora) até as mais recentes - 1983 e 1997 (Convenção Batista de Pernambuco).

5. AS IGREJAS-FILHAS. A IB Nazaré da Mata plantou e organizou as seguintes igrejas: IB Timbauba (1901); IB Siriji (1902); PIB Carpina (1923); IB Paudalho (1930); IB Tracunhaém (1934); IB Vicência (1941) e IB Buenos Aires (2009).

Pastor João Borges da Rocha


Pastor Manoel Corinto Ferreira da Paz



6. OS PASTORES. A Igreja Batista de Nazaré da Mata, a partir de sua organização, até o presente foi pastoreada pelos obreiros: (1) William Edwin Entzminger (12.01. 1896 a 25.04.1899) (2) Pastor Antonio Marques da Silva (25.04.1899 a 11.11.1900); (3) Pastor João Borges da Rocha (11.11.1900 a 1905); (4) Pastor Manoel Sandes (1905 a 1907) ; (4) Pastor Manoel Corinto Ferreira da Paz (27.01.1907 a 07.11.1908); (5) Pastor Robert Edward Pettigrew (01.10.1908 a 1910); (6) Augusto Felipe Santiago (1910-1915); (7) Francisco Sandes (1915 a 12.04.1918); (8) Pedro Falcão (1918-1938); (9) Francisco Xavier de Brito (1920 a 1937); (10) Pastor Harald Schaly (12.10.1937-21.12.947); (11) Pastor João Moreira (05.10.1947-1950); (11) Pastor João Ramos (11.10. 1950 a 25.02.1952); (12) Pastor Harald Schaly (12.10.1952-21.12.952); (13) Pastor Isaias Vieira da Silva (21.12.1952-13.03.1955); (14) Pastor Ladislau Bento Alexandre (13.03.1955-24.01.1965); (15) Pastor Antonio Gomes da Paz (25.03.1965 a 02.01.1993); (16) Pastor Mario Maximo da Silva (02.01.1993 a 2008).

Nenhum comentário:

Postar um comentário